[Artigo] A loucura do Japão in Papel:Tinta

Não sei que já foi postado aqui mas...

Citação :

A Loucura do Japão




Eles estão em todo o lado, porém apenas os reconhecemos quando temos acesso aos seus computadores, MP3 ou às suas pens. São a comunidade Otaku, uma geração de fãs de desenhos animados japoneses.
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Hoje em dia ligar a televisão à tarde significa sermos brindados por programas da tarde ou ficção nacional, dedicada aos mais jovens. Em alguns casos temos também alguns desenhos animados, porém, o que nos dias de hoje é a realidade de um canal, foi a de todos há alguns anos atrás. A geração dos que nasceram entre 1986 e 1991, muito provavelmente ainda se recordam, quando a tarde era dedicada a eles. E lembram-se com carinho dos desenhos animados que mais gostavam. Dragonball, Sailor Moon (A Navegante da Lua) e Samurai X são três que despontam mais memórias. Porém enquanto para muitos dos jovens estes desenhos animados não são agora mais do que memórias de tardes de uma infância passada, para outros, torna-se um gosto que leva
a outras paixões.

No nosso país a comunidade dos fãs de desenhos animados japoneses (ou seja a comunidade Otaku) está a crescer a cada ano que passa, principalmente com a divulgação do anime (os desenhos animados japoneses) em várias cadeias televisivas. A SIC transmite os episódios dobrados de Naruto, enquanto na SIC Radical já figuram com as vozes originais em japonês e legendados. Já o canal
Animax transmite todas as séries na sua versão original, o que a comunidade Otaku agradece. “Prefiro ouvir as vozes originais dos personagens, já que o Japão dá uma grande importância aos seiyus
(pessoas que fazem as vozes dos personagens)”, admite Francisco Almeida. Contudo este jovem de 20 anos sublinha que em Portugal ainda é muito complicado seguir uma série de anime na televisão, e que a internet ainda é o melhor local para conseguir episódios.

E é através da Internet que os Otaku têm o primeiro contacto com mais do que apenas o anime. Através de fóruns, outros Otaku e sites de legendagem, outro bichinho começa a crescer dentro deles e a música dos animes entra devagar nos seus MP3.
Tiago Dias, com 22 anos, fã de anime há mais de doze, relatou a sua maneira de descobrir novas músicas: “normalmente é através das Openings (créditos iniciais) e das Endings (créditos finais) dos animes que vejo, mas de vez em quando ando a navegar pelo YouTube e calha
encontrar algo que goste”.

Em Portugal esta paixão pela J-Music (música japonesa, não apenas a relacionada com o anime), está a tomar outra magnitude. Em vez de os jovens consumirem apenas a música que vem do Japão, novas bandas surgem que cantam elas mesmas em japonês.
“J-Rock não é só Rock japonês, é um estilo diferente do resto do Rock do mundo” defende Tari, a vocalista dos Kuroi Star, uma banda portuguesa de J-Music que 28 de Abril completou um ano de existência, “Por isso é que não concordo quando dizem que J-Rock não pode sair do Japão e que estrangeiros não podem tocar J-Rock porque deixa de o ser. Não concordo porque J-Rock é mais do que a definição de uma nacionalidade, é mesmo um estilo musical diferente”.

A banda toca covers mas também alguns originais escritos por eles e mais tarde traduzidos por amigos que compreendem japonês. Quando confrontados pelo facto de, ao tocarem numa língua dominada por tão pouca gente, não se sentem isolados em palco, declararam que para os fãs, parece que as letras não são o mais importante. “Apesar de muita gente não compreender o que eu canto gostam da música pelo que ela é, sem fronteiras nem barreiras linguísticas… música”.

E os fãs de J-Music concordam com Tari.
Sara Vigário e Nuno Paixão conhecem-se desde jovens e compartilham a paixão por este tipo de música. Mesmo ouvindo estilos diferentes as suas opiniões não divergem muito. “Gosto principalmente da energia” diz ele, estudante de Audiovisual e Multimédia em Lisboa. Enquanto ela, no segundo ano do curso de Teatro na Escola Superior de Artes e Design (ESAD) das Caldas da Rainha, confessa que o que a cativa mais “é a dimensão que tem, o facto de ser uma cultura diferente dá-lhe uma profundidade muito própria”.

Porém nem todas as críticas à música japonesa são positivas e Cláudia Ferreira, uma jovem de vinte anos que estuda Comunicação Social, deixou bem claro o que não lhe agradava:
“não é de todo algo que faça sentido ouvir. Não apenas por ser numa língua diferente e confusa, mas principalmente porque não tem nada a ver connosco. Claro que não irei criticar quem a ouve, contudo continuo a achar este tipo de música muito pouco interessante.”

A J-Music é, contudo, um óptimo exemplo de como a cultura Japonesa se encontra presente no nosso dia-a-dia. Cada vez mais encontramos outros indícios deste país, quer seja em pratos com ideogramas ou lojas de acessórios para a casa que incluem pauzinhos chineses na secção dos talheres. O próprio filme “Memórias de um Gueixa” teve uma óptima aceitação e filmes como a “Viagem de Chihiro” foi visto por muitos. Devagar o “J” estará em todo o lado.

in http://papeltinta.wordpress.com/futurosustento/a-loucura-do-japao/

começamos a ter importância nos media *yay*

ainda bem que há pessoas que sabem criticar J-music com fundamento e sem argumentos do tipo "é chinês por isso não presta". Mas não percebi o que ela quis dizer com "tem pouco a ver connosco"

É sempre bom ler artigos sobre este tema, é sinal de expansão mediática.
Mas a parte inicial realmente fez-me reflectir...realmente o que lá diz é bem verdade! Antigamente as tardes, ou pelo menos parte delas, eram dedicadas ao público infanto-juvenil, que saía da escola a correr para se vir deliciar com os epiódios dos seus heróis favoritos, lembro-me particularmente do Um-dó-li-tá na rtp2 que me marcou imenso:)
Agora, as tardes dos canais generalistas são dedicadas a um público quase senil:s não têm conteúdo, e, como um mal nunca vem só, a fórmula repercute-se e desmultplica-se pelos três canais! Será isto mais um sinal do envelhecimento da população? Já não importa estimular a imaginação das criancinhas mas sim entreter os velhotes todos?

Hachi escreveu:

Agora, as tardes dos canais generalistas são dedicadas a um público quase senil:s não têm conteúdo, e, como um mal nunca vem só, a fórmula repercute-se e desmultplica-se pelos três canais! Será isto mais um sinal do envelhecimento da população? Já não importa estimular a imaginação das criancinhas mas sim entreter os velhotes todos?

Sem dúvida assustador... Parece-me que os generalistas estão a depender ou dos seus canais secundários ( veja-se SIC » SIC Radical ) ou então dos restantes canais presentes na tv por cabo ou satélite.


Mas voltando ao tema. Achei bastante boa a resposta da Tari face ao JRock e à sua presença fora do Japão.

Continuo a ter pena que a maioria das pessoas continue a olhar para a crescente comunidade de adeptos da cultura japonesa como os "miúdos-que-vêem-Naruto" ou "os-do-songoku", como diziam quando era mais nova, mas há que ter calma. Lentamente começam a ouvir a nossa vontade de globalizar :)